Resumo
- E quando o real começa a ser percebido como “apenas mais uma versão”, a própria noção de democracia entra em risco.
- Partimos da economia do engano, passamos pelas novas ferramentas como os deepfakes, exploramos o impacto da mentira nas nossas memórias, votos e relações.
- Damos rosto aos poucos que ainda tentam corrigir, e auscultamos o que está — ou não — a ser feito em Portugal para responder a esta ameaça estrutural.
Vivemos num tempo em que a mentira já não precisa de se esconder. Circula abertamente, com ferramentas sofisticadas, plataformas cúmplices e milhões de olhos dispostos a acreditar.
A mentira já não é erro. É estratégia. Já não é desvio. É sistema.
Vivemos, também, numa época em que a verdade deixou de bastar. Um desmentido é ignorado. Um facto, relativizado. A evidência empalidece perante o impacto emocional de um vídeo falso ou de uma frase viral. E quando o real começa a ser percebido como “apenas mais uma versão”, a própria noção de democracia entra em risco.
A desinformação é o veneno lento da vida cívica. Corrói a confiança, deforma o debate, captura decisões. Pode parecer invisível, mas actua com eficácia devastadora.
Neste especial — A Indústria da Mentira — procuramos desmontar esse sistema. Artigo a artigo, revelamos como se fabrica, financia, distribui e interioriza a desinformação digital. Mostramos quem lucra com ela. E quem resiste.
Partimos da economia do engano, passamos pelas novas ferramentas como os deepfakes, exploramos o impacto da mentira nas nossas memórias, votos e relações. Damos rosto aos poucos que ainda tentam corrigir, e auscultamos o que está — ou não — a ser feito em Portugal para responder a esta ameaça estrutural.
Este não é um dossier técnico. É um apelo cívico.
A democracia não depende apenas de eleições. Depende de cidadãos informados. E a informação, hoje, precisa de ser defendida — com inteligência, com empatia, com coragem.
Sabemos que a desinformação não desaparecerá. Mas acreditamos que pode ser exposta. Acreditamos que o jornalismo ainda tem essa missão. E que os leitores ainda têm esse direito.
Que esta série sirva como mapa, como alerta e, sobretudo, como convite à vigilância activa. Porque num mundo de ruído constante, pensar é resistir.