Resumo
- Lisboa, 10 ago 2025 – Mais de meio milhão de crianças em Gaza estão privadas de educação formal após a destruição de dezenas de escolas e centros de aprendizagem geridos pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).
- Antes do conflito, a UNRWA administrava um sistema que empregava milhares de professores e oferecia educação a centenas de milhares de alunos.
- Crianças que passam meses fora da escola têm maior probabilidade de abandonar o sistema educativo e de cair em situações de trabalho infantil ou casamento precoce.
Lisboa, 10 ago 2025 – Mais de meio milhão de crianças em Gaza estão privadas de educação formal após a destruição de dezenas de escolas e centros de aprendizagem geridos pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). Segundo a agência, cerca de 450 espaços improvisados tentam substituir a rede escolar, mas operam sem recursos adequados e em condições precárias.
Antes do conflito, a UNRWA administrava um sistema que empregava milhares de professores e oferecia educação a centenas de milhares de alunos. Hoje, muitos educadores estão mortos, feridos ou deslocados, e as salas de aula foram substituídas por tendas sobrelotadas, onde se misturam idades e níveis de ensino.
Impacto geracional
Especialistas em educação alertam para as consequências de longo prazo. “Uma interrupção tão prolongada compromete o futuro económico e social de toda uma geração”, afirmou à Lusa um consultor da UNICEF. Crianças que passam meses fora da escola têm maior probabilidade de abandonar o sistema educativo e de cair em situações de trabalho infantil ou casamento precoce.
Aprender sob ataque
Nos poucos espaços ainda funcionais, as aulas são frequentemente interrompidas por alertas de segurança ou falta de materiais básicos. Livros, cadernos e até lápis são escassos. “Tentamos manter a rotina, mas é difícil ensinar quando todos têm medo de que a próxima explosão seja aqui”, relatou uma professora deslocada de Beit Hanoun.
Apelos internacionais
A UNRWA pede um cessar-fogo imediato para permitir a reconstrução de escolas e o regresso seguro das crianças às aulas. Organizações internacionais insistem que a educação deve ser protegida em conflitos, conforme estabelecido pelo direito internacional humanitário.
Enquanto a guerra continua, milhares de crianças em Gaza veem os seus sonhos de futuro suspensos, trocando manuais escolares por memórias de bombardeamentos e fugas noturnas.