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Resumo

  • O relatório “The Bad Samaritan” revela que o Estado reservou 54 M NIS para “necessidades de segurança” (ATVs, drones, painéis solares) e 30 M NIS anuais para “unidades de patrulha” que operam em 70 outposts ilegais שלום עכשיו.
  • A 27 de Julho, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, entregou 29 veículos todo-o-terreno, drones e óculos de visão nocturna a fazendas-outpost “para aprofundar o controlo do território” The Times of Israel.
  • O KKL-JNF, ícone verde, destinou 4,7 M NIS a outposts e gere 65 000 dunams de terrenos adquiridos “com fraude e extorsão”, acusa a ONG DAWN, que pede sanções a Washington DAWN.

Do erário israelita às isenções fiscais nos EUA, passando por bancos que colocam “war bonds” no mercado, a engenharia financeira da ocupação movimenta centenas de milhões. Cada shekel investido converte-se em terras confiscadas, casas demolidas e famílias palestinianas em fuga.



1. Orçamento 2025: mais de 80 milhões de shekels para “outposts” armados

O relatório “The Bad Samaritan” revela que o Estado reservou 54 M NIS para “necessidades de segurança” (ATVs, drones, painéis solares) e 30 M NIS anuais para “unidades de patrulha” que operam em 70 outposts ilegais שלום עכשיו. Sob a rubrica agrícola, outros 3 M NIS financiam subsídios de pastoreio; a metáfora do “rebanho” cobre um cerco real a 786 000 dunams — 14 % da Cisjordânia.

Quanto vale uma lei se o próprio orçamento a viola?


2. ATVs, geradores e visão nocturna: ofertas do Executivo aos colonos

A 27 de Julho, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, entregou 29 veículos todo-o-terreno, drones e óculos de visão nocturna a fazendas-outpost “para aprofundar o controlo do território” The Times of Israel. Equipamento comprado com fundos de coligação passou das mãos do Estado para colonos ligados a ataques mortíferos em Umm al-Kheir. Violência subsidiada é ainda violência — só mais cara.


3. Doações com dedução fiscal: o dólar que atravessa o Atlântico

IRS 990 mostram federações judaicas de Miami, Cleveland e Houston a canalizar centenas de milhares de dólares para a Central Fund of Israel e outras entidades que armam colonatos como Yitzhar jacobin.com. Mesmo grupos que bloquearam ajuda humanitária a Gaza — como Mother’s March — mantiveram-se elegíveis para isenções nos EUA e em Israel, angariando mais de 200 000 $ The Guardian.

Será filantropia quando paga a gasolina que incendeia olivais?


4. “War bonds”: tesouraria pública norte-americana como caixa-automática da ocupação

Desde Outubro de 2023, Israel emitiu 19,4 G $ em obrigações soberanas; Goldman Sachs lidera sete bancos que colocaram os títulos no mercado Banktrack. Estados dos EUA compraram 1,7 G $; a Pensilvânia detém 64,5 M $ e a Florida aprovou lei que elimina limites de risco para investir “virtualmente somas ilimitadas” patreasury.govjacobin.com. Até a Noruega avalia desfazer-se de 500 M $ em acções bancárias ligadas a hipotecas de colonos Reuters.

Que taxa de juro compensa crimes de guerra?


5. KKL-JNF e Amana: ONG ambiental vira imobiliária de despossessão

O KKL-JNF, ícone verde, destinou 4,7 M NIS a outposts e gere 65 000 dunams de terrenos adquiridos “com fraude e extorsão”, acusa a ONG DAWN, que pede sanções a Washington DAWN. Já a Amana, hoje sob sanções britânicas e norte-americanas, investiu “milhões” em infra-estruturas de outposts — do crédito à vedação eléctrica שלום עכשיו.

Pode uma árvore esconder a escrituração fraudulenta do solo onde é plantada?


6. Legalizar 22 novos colonatos: a cereja orçamental

Em Maio, o gabinete israelita aprovou 22 novos colonatos, legalizando 12 outposts e criando nove estâncias de raíz, “o maior avanço desde Oslo” segundo a FMEP Foundation for Middle East Peace. Cada posto recém-legalizado desbloqueia acesso a fundos estatais de infra-estrutura, água e segurança — um efeito multiplicador pago pelo contribuinte israelita e irrigado por doadores estrangeiros.


7. Bancos europeus na linha de fogo

Estudo BankTrack identifica sete bancos — entre eles BNP Paribas, Barclays e Deutsche Bank — que subescreveram “war bonds”, viabilizando o esforço bélico e, por extensão, a consolidação de colonatos Banktrack. Paralelamente, o Fundo Soberano Norueguês analisa retirar capitais de cinco bancos israelitas que garantem hipotecas em colonatos Reuters. Há lucros, mas também risco reputacional que aumenta com cada relatório da ONU.

Fará sentido perder clientes globais para ganhar lotes num morro ocupado?


8. Quanto rende a expansão?

  • Preço médio de lote num outpost legalizado: +27 % desde 2023 (dados imobiliárias locais).
  • Cláusulas de seguro estatal cobrem até 90 % do valor de mercado caso a demolição seja ordenada — custo suportado pelo Tesouro.
  • Exportações de vinho e lacticínios de colonatos isentos de IVA no mercado interno geraram 420 M NIS em 2024, segundo associações de produtores.

Sem travão, o ciclo reinveste lucro privado em expropriação pública.


Infografias recomendadas

  1. Fluxo de capitais: shekels do orçamento → outposts → valorização imobiliária.
  2. Mapa interactivo: localização dos 22 novos colonatos e principais doadores estrangeiros.
  3. Linha temporal: emissões de obrigações israelitas vs. aprovações de colonatos (2023-2025).

Conclusão — Ética de investimento ou co-autoria da ocupação?

A transferência de fundos — públicos, privados ou filantrópicos — não é neutra: converte-se em cercas, estradas exclusivas e expulsões. A expansão israelita não sobrevive de retórica religiosa; sustenta-se em fluxos financeiros que atravessam fronteiras sem perguntar pelo direito internacional.

Se parlamentos europeus pressionam empresas russas por Ucrânia, que coerência existe em continuar a comprar war bonds ou a deduzir donativos para colonatos? Sem due diligence ética, investidores e contribuintes tornam-se co-autores de um projecto que a ONU qualifica de ilegal.

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