Manifesto Humanista
Vivemos mergulhados num tempo de aceleração vertiginosa, onde os dados circulam à velocidade da luz e as narrativas disputam corações antes mesmo de chegarem à razão. As redes digitais tornaram-se o nosso novo espaço público: um lugar de encontro, confronto e transformação, mas também um terreno fértil para o medo, a intolerância e a manipulação promovida pela extrema-direita.
Neste cenário, o(a) ativista digital tem uma missão urgente e irrenunciável: ser guardião(ã) da verdade, promotor(a) da empatia e defensor(a) intransigente da dignidade humana. Contra a ascensão da extrema-direita e as suas estratégias de desinformação, ódio e desumanização, é nosso dever responder com clareza, coragem e um compromisso ético inabalável.
Os Nossos Pilares de Ação
1. A partilha é um ato político e uma responsabilidade
Tudo o que publicas tem um impacto. Ao clicares em “partilhar”, estás a amplificar uma ideia, uma emoção, uma visão do mundo. Usa este poder com consciência e discernimento. Não sejas um eco de ruído; sê uma fonte de lucidez e de pensamento crítico. Antes de partilhar, pergunta: “Esta informação é verificada? Ela promove o debate ou apenas a polarização? Ela contribui para a dignidade humana?”
2. A verdade é o nosso escudo e a nossa arma mais potente
A desinformação é a principal arma da extrema-direita. Alimenta-se de teorias da conspiração, distorções e meias-verdades para semear a discórdia. Responde com factos verificados, fontes credíveis e pensamento crítico. O rigor não é um detalhe; é um gesto de resistência e a base da nossa credibilidade. Exige transparência.
3. A ética é o nosso código-fonte. Combatemos ideias fascistas, não pessoas
Combater o ódio com ódio apenas nos transforma naquilo que dizemos combater. Recusa insultos, desumanizações e generalizações fáceis. A firmeza nas tuas convicções pode — e deve — coexistir com o respeito pela humanidade do outro. O nosso foco deve ser a denúncia das ideias e das estruturas de opressão, e não a destruição do indivíduo. A nossa luta é por uma sociedade melhor, não por uma vingança.
4. A empatia é a nossa força mais radical
Falar com quem pensa diferente é difícil, mas é crucial. Não estamos aqui para pregar apenas aos convertidos. Precisamos de conquistar os indecisos, os desiludidos e os confusos. A verdadeira empatia exige a capacidade de ouvir ativamente, de tentar entender as raízes da frustração e do medo que levam as pessoas a aderir a narrativas extremistas. Ouvir é tão importante quanto falar. Constrói pontes, mesmo que sejam pequenas, em vez de erguer muros.
5. A mobilização começa no digital, mas floresce no mundo real
“Gostos” e partilhas não mudam o mundo — ações concretas sim. Usa as redes sociais para convocar, organizar e formar. Participa em campanhas, encontros, assembleias, e conecta a indignação online à construção de alternativas reais offline. Usa a tua plataforma para apoiar ativistas e comunidades no terreno. Converte a tua presença digital em impacto tangível.
6. A radicalização exige respostas sistémicas, não simplismos
O avanço do autoritarismo prospera no medo, na precariedade, no desemprego e no abandono. Denuncia o sistema, sim — mas, mais importante ainda, propõe alternativas concretas. Fala de justiça fiscal, ecologia, habitação digna, saúde pública de qualidade e democracia participativa. Mostra que um futuro diferente não é apenas uma utopia, mas uma possibilidade real e desejável.
7. O autocuidado é um ato de sustentabilidade e resistência
A exposição constante ao ódio e à violência digital desgasta profundamente. Define limites claros, estabelece pausas e cultiva redes de apoio offline. A violência na internet pode ser real e causar danos profundos. Pratica a escuta e o cuidado mútuo. Só cuidando de nós próprios e dos nossos é que a luta dura. A tua resiliência é a tua arma mais duradoura.
Apelo à Ação Coletiva
Este não é um tempo para espectadores. A neutralidade já é uma forma de conivência. A extrema-direita avança porque uma parte da sociedade se demitiu de agir.
Nós recusamos essa desistência.
Nós construímos pontes onde se erguem muros. Espalhamos esperança onde se semeia o medo. Respondemos ao ruído com sentido. À manipulação, com verdade. À violência, com coragem organizada.
Ser ativista digital não é estar sempre online — é estar sempre desperto e presente.
Não estamos a defender apenas uma ideia política. Estamos a proteger a dignidade de cada pessoa.
E nesta missão, ninguém é dispensável.
Ninguém fica para trás.
Junta-te a nós. Partilha com consciência. Organiza-te com firmeza. Age com propósito.
Porque a democracia é feita de vozes, de corpos e de cliques.
E o futuro ainda está por escrever.